Imagem: https://www.facebook.com/sociedaderacionalista
Vi esta imagem compartilhada na página de dois amigos no Facebook. Achei tão lindo que quis compartilhar também. Mas aí, enquanto eu escrevia a respeito, comecei a me estender... e achei melhor vir fazer o comentário aqui. Afinal, aqui a casa é minha. Eu falo o que eu quiser.
No FB também a casa é minha, mas aqui, no blog, as pessoas precisam efetivamente clicar pra entrar. E só vem se querem. No FB a gente meio que faz xixi com a porta aberta, né... Então aqui a porta é fechada. Quem quiser, que bata e entre.
Sobre a adoção, uma vez minha manicure me disse que a mulherada fica tentando engravidar por anos a fio porque elas são vaidosas. "Por que não adotam?", ela me perguntou.
Fiquei chocada com a frieza dela em comentar aquilo, a princípio. Mas depois pensei melhor... e melhor... e cheguei à conclusão de que existem, SIM, as "mães cosméticas". É o que eu acho.
As "mães cosméticas" querem o glamour da barriga. Querem chá de bebê. Book gestante com foto de cabelo esvoaçante e sapatinhos de crochê da cor do sexo do bebê sobre o barrigão. Querem mostrar à sociedade que ela e o marido batem um bolão: são férteis e saudáveis! Uau! Querem ser paparicadas. Querem festa. Querem a Caras fotografando a saída triunfal da maternidade. Olha: nada de errado até aí. Eu amei me sentir poderosa amamentando meu filho Pedro em público. Eu também queria tudo isso aí. E tive.
Mas fico pensando: ou é isso ou é nada!? Ou gero um filho mostrando pro meu marido o quanto ele é macho porque me fecundou, ou envelheço sem construir uma família?!
Fato é que há mulheres que simplesmente NÃO engravidam. Seja por um diagnóstico médico de infertilidade no casal, seja por qualquer outro motivo que a ciência não explica, há mulheres que não ficam grávidas. Neste caso, as "mães cosméticas" precisam entender que há algo sobrenatural naquilo que nossas avós sempre disseram: "Mãe é a que cria". Em outras palavras: filho é filho, miagente. E ele vai ser sempre gerado por uma mãe. Seja pela barriga física, seja pela barriga espiritual. Seja, ainda, pelas duas.
Engravidei do meu filho na primeira tentativa. Primeira, primeirinha. E no Dia dos Namorados de 2003. Poutz... mais fadinha cintilante, impossível. Ah, quer saber do que mais? Descobrimos a gravidez no dia 14 de julho de 2003, quando fizemos 8 anos de namoro (já éramos casados há 3). Ó!! Mais novelinha romântica do que isso, só a Lagoa Azul! Quase impossível!
Mas hoje, 10 anos depois, a conversa é outra! Fiz todos os exames possíveis e não há nada de errado comigo. Nem com meu marido. Estamos ótimos e saudáveis, mas eu simplesmente não fico mais grávida! Não consigo! Estou na 19ª tentativa frustrada. Némolenão, pode apostar! Então, não se atreva a pensar que estou aqui escrevendo só do problema dos outros. Estou escrevendo do meu também. Desejar engravidar e não conseguir é uma experiência pra lá de amarga. E imagino que isso deva ser milhões de vezes mais amargo pra quem não tem nenhum filho. Eu já sou mãe. Isso deve diminuir sensivelmente meu sofrimento. Nem me atrevo a me comparar com as outras. Seria injusto.
Só que tem uma coisa: se eu não tivesse um filho, e tivesse a mesma dificuldade de engravidar que tenho hoje, não teria dúvidas: ADOTARIA. Sem pensar. Sem esperar anos a fio. Aliás... quem sabe eu não faça isso.
Você pode pensar que falo isso porque é sempre mais fácil falar. E é.
Acontece que eu tenho um sobrinho adotivo que é o amor da minha vida. Ele veio pra nós quando tinha 2 anos e meio. Não veio bebezinho não. Já era grandinho. E não sei quando foi a última vez que pensei que ele não era sangue do meu sangue. Aliás... ele não é? Experimente alguém mexer com ele pra ver se há alguma diferença entre judiar dele ou judiar de algum de meus outros sobrinhos que tem o mesmo sangue do meu filho. Tô sendo honesta: ele é meu. Aliás, ele não é meu: EU SOU DELE. Sou dele exatamente no mesmo tanto que sou dos meus outros 5 sobrinhos. Mato e morro por cada um. E boa. É assim que é.
Ah, e quer outro "aliás"? Foi por causa dele, meu sobrinho adotivo, que meu marido, que NÃO QUERIA TER FILHOS, decidiu que queria sim um filho pra ser dele.
Enfim, esta não é uma crítica a mulheres que não querem ter filhos, embora esta seja uma opção que me causa muito, muito estranhamento.
Esta é uma crítica clara às minhas amigas e conhecidas que estão há ANOS sofrendo e chorando porque "Deus não as permite dar à luz um filho". É só pra pensar que talvez o problema não esteja, exatamente, no colo Dele.
Deus quer sim nos fazer mãe de filhos. É assim, ó:
(Legenda: "Senhor, por favor, fale comigo")
A Bíblia diz que os filhos são HERANÇA. A herança é SEMPRE partilhada em partes IGUAIS entre os filhos. E somos TODOS filhos do Pai. Logo, a menos que você abra mão da sua parte, você tem direito a ela. Tendo direito, cada mãe, cada filha do Pai - que desejar - pode ter uma herança, um filho. Pronto. A conta é essa. É assim, simples.
Não tô dizendo que tomar a decisão de adotar é fácil. Eu não sou assim tão leviana. Mas fico pensando: você vai deixar de ver sua cria sujar de molho de macarrão a roupa nova nos almoços de domingo só porque você não tem uma cria que nasceu da sua barriga?
Não justifica. Ah, mas não MESMO. Não vai ter dado nem 5 minutos do momento em que tiver começado a sua maternidade pra você exclamar: "Por que não fiz isso antes"?
Vai, miafilha! Entra logo na fila da adoção. Afinal, não é drive thru, viu? Você vai ter 2 ou 3 anos de espera até ter uma resposta de algum Juizado. Até lá, Deus pode fazer um milagre e te dar uma barriga. Mas se Ele não der, Ele vai te fazer o mesmo milagre: vai te tornar mãe. E aí você vai ver que Ele é Deus de milagres. E você vai, de novo, agradecer à sua avó: ela tava certa. Como sempre.
Faça de tudo pra engravidar. Sou a favor de tudo, tudo mesmo. Sou a favor de dobrar os joelhos dia e noite, de procurar especialistas, de fazer tratamento, de ficar com as pernas pra cima depois de ter relação. Sou a favor de fertilização, de inseminação, de coito programado. Sou a favor de tudo. Gerar um filho dentro da gente é a coisa mais absurdamente grandiosa que pode acontecer com uma mulher. Mas ser mãe É MAIOR!!
Faça de tudo e, pacientemente, espere. Ah, como é difícil. Como é difícil esperar... Cada vez que menstruo eu olho pro céu e fico em silêncio. E meu Pai celestial sabe o que eu penso. ("Outro "não" eu não aguento..."). É o que eu sempre penso. Aí eu aguento, e começo tudo de novo. E de novo, e de novo.
Mas se você ainda não tem filhos, e tudo isso aí já é uma espera de anos, com diagnósticos que não te são favoráveis, repense. Adotar não é abortar sua missão de fé. Pelo contrário: é um passo além. Em direção a ela.
PS.: Depois de algumas horas de postado este texto, uma contibuição priceless da minha prima Vivian! Não deixe de assistir: http://gnt.globo.com/viver-com-fe/noticias/_-Minha-gravidez-foi-na-alma---diz-atriz-Alexandra-Richter.shtml'Minha gravidez foi na alma', diz atriz Alexandra Richter