quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Você é o barco. O Papai e eu somos o cais.



Recebi um aviso do Colégio pra olhar no site as informações pra compra de material complementar pra 2019. Aí entrei lá e... não tinha nada pra comprar pra vc.
Porque... oi?!??!?! Claro!! Tu tá no COLEGIAL!! Não tenho mais que comprar papelzinho, tesourinha, canetinha, escambalzinho... Cabô! Cabô tu me esfolando a carteira comprando mochila e badulaque na papelaria todo janeiro... Tu. Ta. No. Colegial. Co.Le.Gi.A.ú.
Eu tô me preparando pra te ver ir embora. E vejo que esse preparo todo só vai servir pra não servir pra nada. Eu não vou estar preparada nunca. Você é o maior amor que eu sei sentir, e não sei como vai ser não ter vc pra cuidar + encher + cheirar + encher de novo, que é pra isso q eu tô aqui.
É bem verdade que eu uma baita sorte de ser um casalzão com o Papai... Eu AMO meu tempo com ele, e, pra minha mais sorte ainda, sei que ele ama o tempo comigo. Puxa vida, se não fosse isso eu nem sei... Eu ia ter que me ocupar. Acho que eu ia comprar um fusquinha pra levar criancinha passear na praça. Mas agora estamos nós dois sentindo o vento das suas asas batendo na cara da gente e... nóis meio que num sabe se chora os dois, ou se fica fingindo que ta tudo bem pro outro fingir que acredita e que num tá tudo doendo por dentro.
Ta tudo bem, não tem nada de errado nisso tudo. Um dia foi a vez da minha mãe. Hoje é a minha. Vai passar (#creindeospai), e amanhã vai ser a sua, pq, pra compensar nossa família curtinha, vc me prometeu 3 netinhos. Então talvez vc ainda passe por isso 3x. Mas vou ter chegado na frente, vou ter aprendido tudo, e vou te ajudar com um sem fim de conselhos. Que não vão servir pra nada, porque no fim do dia dói e pronto.
Queria escrever muito sobre essa nossa fase, sobre a sua adolescência, mas sei que agora não é a hora, porque vc tá na fase de achar que vc sabe mais das coisas do que a gente (aôôôôô, sabidão! Ahãm!), e vai se aborrecer de se ler nas minhas palavras. Mas um dia vou poder. E vamos entender tanta coisa juntos.
Por ora, filho, eu só quis deixar isso registrado pra gente começar a prosa daqui a alguns anos. Hoje não dá, eu sei. A gente tem navegado em órbitas tão diferentes. E ta tudo bem. É assim na casa de (quase) todo mundo.
Mas o que nos une é estarmos na mesma viagem. Você vai, volta, e estamos todos com o bilhete da passagem na mão. Somos peregrinos. E vamos todos desembarcar no mesmo lugar. Você sabe o quanto anseio por isso! Que eu vivo por isso! Que essa é a nossa esperança. E, de qualquer jeito, nossa vida na Terra precisa estampar esse bilhete. Senão a gente tá na nave errada. Aí tem que parar, descer, e embarcar novamente.
Então por enquanto, ficamos assim: quando bater canseira, descanse em nós.
Você é o barco. O Papai e eu somos o cais.
E Ele... o Porto. Seguro. De todo dia. Pra sempre.

PS.: essa 1ª foto parece posada. E é. Mas a gnt sabe: “Filhooo, me olha nos olhos pra eu ver ozoínho do seu pai em vc?”. Um milhão de vezes, né... haha! E vc, tão lindo, sempre/ainda me atende. E me olha. Mas, sabe? Eu sou apaixonada pelos olhos do seu pai sim. E amo que Deus tenha me dado os olhos dele em vc. Mas... são os seus que eu quero ver qdo te peço pra me olhar. Porque é o par de zóio de vcs dois que me derrete... Que sorte a minha!

sábado, 10 de março de 2018

Pipo is now 14!!

Eu não ia escrever nada até tu me dizer que queria isso. Aí, já sabe que é goRpe baixo: se tu quer, eu faço. Só que o #setuquereufaço já não é mais tão fácil. Você tá virando um sujeito, e anda querendo umas coisas mto sui generis. Certeza que eu também queria coisas esquisitas qdo era adolescente. Mas qdo a gnt vira pai-e-mãe de adolescente a gnt fica mais careta do que nunca.

Fato é que antes tu era só o meu menino. Mas agora, #pelamordedeos, tu tem cheiro de bode. Não é mais tão fácil ser sua mãe qto era antes. Mas também não era tão legal. Você nunca foi tão engraçado, tão sensível, tão argumentador. E eu nunca dobrei tanto meus joelhos por alguém. Vc é meu grande desafio pq me ensina mto sobre um amor gratuito. Aquele que a gnt chama de 'graça'. 

Eu quero ser melhor todo dia, pq vc presta atenção em mim. Mas quero q vc preste atenção no meu Pai. Que é seu também. O chamado Dele é irresistível. Vc vai saber qdo for a sua vez. A voz Dele é inconfundível, meu filho.

Vc é forte, bravo e determinado. Nunca vi alguém tão decidido qdo mira num alvo e dispara na sua direção. 

Vc ama açaí.

Ama seu pai.

Ama seus avós. E ama os outros velhinhos. Não que seus avós sejam velhinhos, tá, Mama @maraazanha? Fica sussa.

Vc tem habilidade manual. Vc ama travesseiros gordos.

Ama strogonoff.

Ama pink lemonade.

Quer conhecer Nova York.

Vc vibrou no show do Phil Collins, e lê comigo os livros que odeia. 

Ri com a boca aberta e os olhos apertadinhos.

Veja você: agora você cuida das crianças no cultinho infantil, o mesmo que me fez achar um absurdoooo a ideia de que você amou um cultinho batista há 8 anos.

Vc entende de forma madura as broncas que toma, e ME converte com isso.

Seu pai é seu herói e eu amo ver o amor de vocês dois.

Eu escrevi um sem-fim de coisas só pq vc quis um textão pra chamar de seu (fácil pra quem tem uma mãe que fala/escreve mais que o lendário #hómedacobra).

Mas o coração de tudo isso é que.... WOW: eu sou mãe de um cara de 14 anos! Um pioiento! E eu nunca pensei que pudesse amar um cara tanto assim. E nem que pudesse ver seu Pai (aquele, o da Terra) tão apaixonado. E nem que nosso Pai (Aquele. O do céu! "O"!) pudesse nos dizer tanto sobre isso!


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Uma carta às minhas vizinhas


Oi, meninas. Boa tarde.

Eu sou a Karina. Moro no 57, e sou a mãe de um dos ‘trombadinhas’ que vcs falavam ontem à noite.

Qdo ele era um bebê de alguns dias, como os de algumas de vcs aí, eu realmente não esperava que ele fosse ouvir músicas de letras horríveis na quadra do prédio.

Por favor, me perdoem por isso. Perdoem minha família. Realmente é uma invasão ao espaço dos outros. Puxa... nos perdoem. Contem comigo e com meu marido pra fazermos bastante força educando nosso filho no sentido contrário.

Fiquei tão envergonhada de ouvir sobre os palavrões dele na quadra. Ele não é o pior dos palavrões não, mas tá junto com a gangue. Então, não importa: é da gangue também. Já tinha ouvido, mas, puxa... que vergonha. Sobre as músicas então... que vontade de abrir um buraco na terra e enfiar a cabeça dentro! Ele, que toca bateria e fez aula de violão clássico com um dos melhores professores do Brasil... ouvindo obscenidades no próprio prédio onde mora! Por que, isso... o que saiu errado!?

Aliás, eu pensei q ele seria sempre fofinho como qdo era bebê. Aliás, agora q ele é adolescente, eu garanto a vcs: tem mto mais coisa q não saiu conforme o planejado.

Ele é filho de pai bravo, foi criado na igreja, nos melhores colégios, cheio de amor e disciplina - mas a vida é assim: não saiu como eu previa. Isso não significa que eu estou dando desculpas e jogando a toalha. Significa, apenas, que ele tem a própria personalidade, está nadando em hormônios que não controla, ouve funk e faz um sem-fim de coisas que eu não gosto e não queria q ele fizesse. E que, por isso, eu devo ter mais trabalho do que quem tem, por filho, um santo calminho e controlado.

Mas, é isso: agora é a minha vez.

Uma vez fui chorar sobre a adolescência do meu menino pra minha mãe. Ela me disse: “Filha, vc sempre foi mto boazinha. Nunca deu trabalho nenhum pra nós, em nenhuma fase da vida. Mas teve uma período em que a coisa que eu mais odiava na vida era te buscar no Esporte Clube Barbarense. Eu odiava ver minha filhinha com uma camisa preta do Metallica, no meio daquele monte de roqueiro que eu achava o fim da humanidade.  Você queria provar não-sei-o-que, não-sei-pra-quem. Era adolescente. Mas passou. Passou rápido. E naqueles dias, se eu soubesse que vc seria uma advogada engomadinha, casada e tranquila, trabalhando de scarpin, eu teria chorado muito menos”.

Aquela conversa me aliviou a alma. Bem, pelo menos um pouco, porque a verdade é que agora é minha vez. Minha mãe passou o pedaço dela, agora eu passo o meu. Espero de coração que, na vez de vcs, as coisas estejam mais perto daquilo que vcs planejaram, porque, eu garanto: é muito doído que se refiram ao seu filho como “aquele ali”, ou como “aquele menino retardado”, ainda que os motivos sejam, às vezes, fruto da própria semeadura dele, eu sei. De todo modo é doído, acreditem em mim. 

Ainda que vcs achem que ele seja isso mesmo, olhem pro filho de vcs e pensem em como seria alguém se referindo a eles desta forma. Talvez vcs entendam. Ou não. Tudo bem, também.

Até entendo que o ocorrido tenha sido revoltante para vocês. Mas o que não me entra na cabeça é: o que resolveria ofender em retorno?! Usar palavras fortes?! Desrespeitar no momento em que está se sentindo desrespeitado?! Vai ver é por estar bravo, ou por estar se sentido acima do outro, por ter muita razão. Sei lá. Mas acho que uma boa conversa seria tão mais efetiva... Mas, bem, isso sou eu. 

Vamos cuidar do funk e dos palavrões, meninas. Não tem justificativa isso.

Mas deixem que eles joguem bola na quadra – até às 22h, ou até às 21h, caso vcs decidam mudar o horário do Regulamento. Deixem que ele ouça música também (em altura suportável, e sem músicas ofensivas). Peçam aos seus maridos e aos outros vizinhos que não gritem agressividades pra ele da varanda. Isso é tão hostil quanto os palavrões, na verdade. É o igual com o igual: não saímos do lugar em relação ao que perturba a nossa convivência.

Péra. Não sei se é igual com o igual, não. Não dá para comparar um adolescente e a percepção dele de impacto de suas ações (e até a responsabilização por elas) versus um adulto sendo agressivo sem mostrar o rosto e de cima de uma varanda. Não tenho ideia de quem foi/foram, mas acho que aí entra na mesma situação que falei ali em cima: uma boa conversa seria mais efetiva do que agressividades tais como as da varanda. Ou como as comentadas aqui. Vocês mesmas comentaram nas mensagens que foi falado com a porteira. Se vocês não sabiam de quem era aquela 'criança', a porteira saberia. Podem me ligar no interfone. No celular. Aí a gente se fala e eu já resolvo o problema imediatamente, trazendo meu filho para casa para que eu possa conversar e orientar a respeito. De mãe pra mãe. Mãe de filho pequeno. Mãe de filho grande. É tudo Mãe.

Claro que enche que batam bola na quadra. Claro que enche que ouçam música alta. Mas criança pequena berrando, correndo, chorando e gritando também enche. A diferença é que a criança de vcs é fofinha, a minha não. Mas aí vcs aguentam a minha, eu aguento a de vcs, e a gente segue assim. Se Deus quiser, sempre vai ter criança por aqui. Quando os seus forem adolescentes, o meu vai ser adulto, e o ciclo vai estar sempre começando de novo. Pra não termos ninguém nos enchendo, precisaríamos de um espaço só nosso. Não é o caso de quem mora em condomínio.

Sigo desejando um mundo melhor pro meu filho. E dobrando meus joelhos e lutando MUITO, mas MUITO mesmo, pra deixar um filho melhor pro mundo.

Enfim, vou sair do grupo, claro. Não tem clima, né... E assim vcs talvez se sintam mais à vontade pra reclamar do meu menino e tomarem outras deliberações.

Mas mantenham meu telefone aí guardado. Daqui a 10 anos, se passarem por uma situação parecida – de coração, espero que não! – podem me chamar. Eu vou ajudar vcs a se lembrarem que tudo isso há de passar.


Um abraço!
#bpn