Aqui tudo é mais. Côco é mais côco. Praia é mais praia. Azul é mais azul. Tempo é mais tempo. Calor é mais calor. Fruta é mais fruta. Descanso é mais descanso. Alegria é mais alegria. Preguiça é maaisss.... zzzzz!!! Acarajé... bem, acarajé É. E só "é" mesmo, porque não tem acarajé "menos" em lugar nenhum. Acarajé tem que ser aqui. O dos outros lugares é só receita.
E aqui, gente feliz é mais feliz. Parece que tem a ver com "ando devagar porque nunca tive pressa mesmo". Aqui todo atendente, de qualquer lugar, tem um riso e uma história pra contar. Um comentário a fazer. Tem sempre um braço estendido na sua direção. O baiano acha uma graça incrível em servir! Todo mundo que é daqui gosta de ser daqui. Pra eles, os loucos somos nós, paulistas apressados.
Aprendi desta vez que 70% de todo o consumo de frutas e verduras daqui é suprido pela agricultura local/familiar. Ele come da sua terra, ele ama a sua terra. Isso explica tanta coisa.
Vá comer vatapá na praça Caymmi (com preguiça no corpo) e saiba tudo que a baiana tem, porque ela ta preparando tudo pra tu, meolindo, mialinda. E ela te conta. E ela enrola, desenrola, amasseta, frita, prepara tudo com destreza enquanto te conta meia dúzia de histórias que te deixa hipnotizado e... sem pressa nenhuma. De ir embora. Da vida. De nada.
Aí tem um cara tocando teclado em Itapuã. Música ruim, que na Bahia fica uma delícia de ouvir. Só tem nativo no barzinho. De turistas só somos nós. Do lado, a mulé do sorvete. Ela espera clientes e, quanto isso, dança e aplaude o tecladista que cumprimenta - no microfone - 5 de cada 10 transeuntes. São conhecidos dele. A mulé do côco dança também. Sozinha. O hóme do amendoim cozido no limão também da uns passinhos com uma mão no ar e a outra na barriga. Ele rodopia a liberdade, que é sua parceira de dança. A minha liberdade é ter salário. A dele é passar uma tarde em Itapuã.
Mas é 6ª feira à tarde, tem sol, então o baiano desfruta de ter praia. Senta ali, e espera o sol ir embora pra ir também. Ou não, quem sabe. Ô, povo grato.
Mas não arrisque nada muito desafiador, tipo um milkshake num stand do Bob's; a menos que vc ache graça de demorar 12 minutos pra ser atendido, mesmo com 3 pessoas sorridentes te atendendo. Aí falta destreza. É curioso. É que nem comprar moqueca em restaurante paulista. Vem bem, vem certo, mas vem sonso. Mesmo carregado de tempero, é sonso. Num tem dedo de baiano, é sonso. Do mesmo jeito que na Bahia o milkshake supersônico do Bob's vem com 'delay'.
Em alguns lugares é sujo, feio, fedido e desorganizado. Claro que é. Como em alguns bairros da minha cidade, aliás. Mas, uai, não vim falar disso, mesmo.
Vamos embora encantados. E não é (só) conversa mole de turista não. Já é a nossa 4ª vez aqui. E, de novo, deixamos avisado que é pra colocar mais cebola no charque, mais açúcar na cocada mole. Porque, se Deus quiser, já já a gente volta!
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