Marquei consulta para as 16h de hoje. Programei tudo pra sair mais cedo do trabalho. Liguei no consultório meia hora antes para confirmar se os atendimentos estavam no horário. Chego lá, e, após 53 minutos de espera, levanto e vou embora sem ser atendida. Curiosamente, desta vez a culpa parece não ter sido totalmente do médico. O paciente anterior entrou na consulta às 15h00 pontualmente. É uma clínica particular, com atendimentos de em hora.
Massssss.... E DAÊ?! Ele, o paciente, tem um problema. Pára tudo: ele tem um problema! Eu não, no caso. Eu só tárra lá pq 1x por semana eu saio pa vida pa atazaná as pessoa. É o que eu faço.
Eu precisava dessa consulta pra resolver umas parada séria aí. Num deu. Entrei toda paquita, arrumada, de salto. Saí espumando, descabelada, ensanguentada, cas roupa rasgada, me arrastando e gritando. Por dentro tudo isso, claro, mas tava tudo assim mesmo.
Montei mil cenas de ataque à sala do médico.
Numa eu ia de clássico: metia o pé - de salto! - na porta, pararia com uma mão pro alto, segurando na porta, e tacaria um: VAI DEMORAR?!?!?!
Na outra, eu tacaria o mesmo pé na porta e, ato contínuo - com as duas pernas encavaladas: POR FAVOR, ONDE É O TOILLETE?
Na outra eu entraria, sentaria calmamente, e pediria 1 minutinho pro paciente: FICA AQUI, QUERIDO, TENHO NADA PA ESCONDER NÃO. É RAPIDINHO, FAÇO MINHA CONSULTA, QUEM SABE TU ATÉ DÁ SUA OPINIÃO, TAL, AÍ SAIO E TU CONTINUA AQUI, TU E O DOTÔ.
Numa outra cena eu entraria armada e faria a secretária de refém. Mas essa achei meio forte e não consegui desenvolver um diálogo. Aí pulei e vi que estava ficando meio fora de controle a coisa.
Então me levantei calmamente, peguei meu cheque de volta, e saí.
Na saída trombei com uma mulher vendendo pamonha. Num súbito comprei duas pa ajudar. Num súbito quase entrei de novo no consultório. Num súbito tive outra ideia brilhante de esparramar pamonha na cara do infeliz que roubou minha consulta. A outra pamonha eu ia comer mesmo (pra quem achou que eu tacaria no médico).
Saí pra rua de novo, e dei a pamonha pra um menino que esperava o ônibus. Sei lá, ele olhou a pamonha e eu, sei lá porque, achei que ele quis. Ele aceitou. Dei as duas e ele me chamou de SENHORA na hora de me agradecer.
Peguei as pamonhas de volta.
Lembrei que tinha escovado os dentes e que tinha horário com meu dentista em vinte minutos, num ia dar pra comer mesmo. Voltei e devolvi as pamonha. Ele fez cara de "agora num quero", mas eu devo ter soltado uma chama tão acesa pelos olhos que ele, com a franja faiscada, pegou as duas pamonhas e, com a voz trêmula, disse que nunca viu uma SE-SE-SENHORA tão bonita na vida dele.
Acho que o pessoal do consultório o socorreu, sei lá.
MORAL DA HISTÓRIA: ao irar-se, sente-se, abra seu celular, e escreva uma história (com fatos reais, outros nem tanto). Grandes chances de você não pecar.
Se bem que... Ei!!! E esse dentista aqui, gente?!?!?! VINTE E SEIS MINUTOS DE ATRASO?!?!?! Cadê a mulé da pamonha?!?!?!?
Nenhum comentário:
Postar um comentário