Nunca gostei do carnaval. Mas fui em uns 2 ou 3 ao longo da vida, eu acho. Aquele alalah-ô me entediava um pouco, e eu achava meio non-sense as pessoas ficarem cantando que o Zezé, o da cabeleira, era "bossa-nova" (???), que a irmã da Ana ficou sem a pestana, que a colombina safadinha chutou o traseiro do pierrô, que o outro lá tem uma sacasacasacarrolha... Sei lá. Aquelas buzinas, aqueles confetis no nosso shorts suado, aquele batuque... Eu não conseguia achar alegria nisso. E me lembro sempre de esperar o melhor da festa: uma carona pra, enfim, voltar pra casa.
Isso não é conversa de gente metida a santarrona não. O fato de não gostar de carnaval não me faz santa, não me faz especial, #Diferentona. Só me faz não gostar de carnaval. E boa. Isso sem entrar no mérito da festa em sim, porque não é sobre isso que quero conversar aqui.
Mas dos 18 em diante, eu aprendi que os acampamentos são um excelente motivo pra se achar o carnaval uma pausa incrível. Passei até a esperar por ele!
E era sempre aquela vida: dormir sem conforto, tomar banho sem privacidade, ser sorteada pra faxinar o banheiro, lavar a própria louça na esponja de todo mundo, ganhar serenata, passar vergonha na Noite de Talentos, tomar trote de pasta de dente, e voltar pra casa com a sensação de que você precisa de 6 meses em coma pra recuperar tudo o que não dormiu direito nos 4 dias que passou acampando. Ah, como era gostoso...
Na volta a gente tinha a sensação de que a atmosfera fora dos acampamentos pesava um pouco. Hoje entendo que essa rotina (de 1x por ano! Hehe!) não nos fez santos. Mas nos fez separados, sem dúvidas. É a MINHA opinião: é bem-aventurado quem pode fugir pras montanhas nesses dias de sujeira e vazio. Goste se quiser. Eu não gosto. Não acho abençoador. Acho que as bruxas (as más, só elas! Rs) enchem o tanque das suas vassouras nesse período, e ninguém me convence do contrário.
Morei 7 anos em uma casa cuja janela do meu quarto me fazia saber de tudo o que acontece na rua, e, acredite: a loucura da galera nas noites de carnaval supera todas as outras 360 do ano!
Aí hoje de manhã a gente tava lá, meu marido e eu: num acampamento. E pudemos servir cantando algumas canções (obrigada, Lê Leandro). Ouvindo nosso amigo do coração e de caminhada, literalmente (Necón Humberto), nos trazendo uma palavra desafiadora - o que nos fez especialmente alegres porque há alguns anos aquela cena era tão impensada!.
Mas hoje de manhã o mais incrível era o que estava no "entorno". Era um carinha que tava numa cadeira lá na fileira da esquerda. 20 anos depois, quem eu vejo acampando é quem faz meu coração bater mais bobo. Estávamos la, servindo, e quem tava lá, na "plateia", era, tipo, o nosso filho, miagente! Meu poiento! Aquele que tem o zóio do pai, a meia-fuça da mãe, e que, coincidentemente, está fora da muvucas bem na primeira vez Q sai de casa nas noites de loucura do carnaval das gentes doidas na rua.
Enfim, toda essa tagarelagem pra dizer o seguinte:
1) é carnaval e to extremamente feliz;
2) é carnaval e vejo o cuidado de Deus;
3) é carnaval e eu não preciso me importar com isso; e
4) é carnaval e posso desejar que meu filho encontre mto mais sentido no que ele tá vivendo hoje do que na barulhada que ele já conhece tão bem da janela do quarto dele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário