domingo, 7 de fevereiro de 2016

É Carnaval! E eu não to nem aí! (porque to aqui, na verdade: no acampamento!)



Nunca gostei do carnaval. Mas fui em uns 2 ou 3 ao longo da vida, eu acho. Aquele alalah-ô me entediava um pouco, e eu achava meio non-sense as pessoas ficarem cantando que o Zezé, o da cabeleira, era "bossa-nova" (???), que a irmã da Ana ficou sem a pestana, que a colombina safadinha chutou o traseiro do pierrô, que o outro lá tem uma sacasacasacarrolha... Sei lá. Aquelas buzinas, aqueles confetis no nosso shorts suado, aquele batuque... Eu não conseguia achar alegria nisso. E me lembro sempre de esperar o melhor da festa: uma carona pra, enfim, voltar pra casa.
Isso não é conversa de gente metida a santarrona não. O fato de não gostar de carnaval não me faz santa, não me faz especial, #Diferentona. Só me faz não gostar de carnaval. E boa. Isso sem entrar no mérito da festa em sim, porque não é sobre isso que quero conversar aqui.
Mas dos 18 em diante, eu aprendi que os acampamentos são um excelente motivo pra se achar o carnaval uma pausa incrível. Passei até a esperar por ele!
E era sempre aquela vida: dormir sem conforto, tomar banho sem privacidade, ser sorteada pra faxinar o banheiro, lavar a própria louça na esponja de todo mundo, ganhar serenata, passar vergonha na Noite de Talentos, tomar trote de pasta de dente, e voltar pra casa com a sensação de que você precisa de 6 meses em coma pra recuperar tudo o que não dormiu direito nos 4 dias que passou acampando. Ah, como era gostoso...
Na volta a gente tinha a sensação de que a atmosfera fora dos acampamentos pesava um pouco. Hoje entendo que essa rotina (de 1x por ano! Hehe!) não nos fez santos. Mas nos fez separados, sem dúvidas. É a MINHA opinião: é bem-aventurado quem pode fugir pras montanhas nesses dias de sujeira e vazio. Goste se quiser. Eu não gosto. Não acho abençoador. Acho que as bruxas (as más, só elas! Rs) enchem o tanque das suas vassouras nesse período, e ninguém me convence do contrário.
Morei 7 anos em uma casa cuja janela do meu quarto me fazia saber de tudo o que acontece na rua, e, acredite: a loucura da galera nas noites de carnaval supera todas as outras 360 do ano!  
Aí hoje de manhã a gente tava lá, meu marido e eu: num acampamento. E pudemos servir cantando algumas canções (obrigada, Lê Leandro). Ouvindo nosso amigo do coração e de caminhada, literalmente (Necón Humberto), nos trazendo uma palavra desafiadora - o que nos fez especialmente alegres porque há alguns anos aquela cena era tão impensada!. 
Mas hoje de manhã o mais incrível era o que estava no "entorno". Era um carinha que tava numa cadeira lá na fileira da esquerda. 20 anos depois, quem eu vejo acampando é quem faz meu coração bater mais bobo. Estávamos la, servindo, e quem tava lá, na "plateia", era, tipo, o nosso filho, miagente! Meu poiento! Aquele que tem o zóio do pai, a meia-fuça da mãe, e que, coincidentemente, está fora da muvucas bem na primeira vez Q sai de casa nas noites de loucura do carnaval das gentes doidas na rua. 
Enfim, toda essa tagarelagem pra dizer o seguinte:
1) é carnaval e to extremamente feliz;
2) é carnaval e vejo o cuidado de Deus; 
3) é carnaval e eu não preciso me importar com isso; e
4) é carnaval e posso desejar que meu  filho encontre mto mais sentido no que ele tá vivendo hoje do que na barulhada que ele já conhece tão bem da janela do quarto dele.