segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Nhaca da 2ª

Eu raramente tenho nhaca de 2ª. Mas amanhã acho que eu vou ter. Então, hoje é domingo (pede cachimbo! Dã!), e já comecei a escrever, porque em caso de nhaca amanhã, eu já fiz uma pré-analise da nhaca, e já vou estar mais aliviada. E aí provavelmente amanhã eu não vou ter nhaca de 2ª feira.

Minha nhaca de 2ª feira quando dá é assim: eu abro os olhos e antes mesmo de abrir os olhos eu pego meu celular e vejo se tem alguma noticia, algum WhatsApp que me segure na cama mais um pouco.

Então, ato contínuo já penso nas estratégias:
- Oi, chefe. Sou eu. O varejão vai atrasar minhas compras, e tenho de ficar aqui esperando.
- Oi, chefe. Sou eu. Minha empregada sonhou que vai ficar presa no elevador. Just in case, vou ficar aqui do lado de fora esperando por ela pra subirmos de escada juntas e de mãos dadas.
- Oi, chefe. Fiz xixi na cama.

Enfim. Penso em mil alternativas mas nunca nada extraordinário acontece nas madrugadas de 2ª feira (5h40 esse trem apita).

Aí fico pensando que, mesmo que eu tivesse uma Tia que se perdeu na fazenda dela em Minas e precisa da minha ajuda pra ser resgatada (Tia Zu, mantenha meu número nas emergências, tá?) na 2ª de manhã, eu ainda assim não poderia ficar na cama e chegar no trabalho só quando passasse a nhaca, porque eu levo o menino na escola. Eu poderia contratar uma van? Poderia revezar com mãinz vizinhas? Poderia estar por aí matando e roubando? Poderia tudo. Mas esperei até o 6º ano (nossa antiga 5ª série, se você é do sistema antigo) pra poder levar pessoalmente o menino na escola e ser uma mãin capa da Pais & Filhos. Então não, não dá.

Mas vamo que eu conseguisse um táxi blindado com uma motorista fofa de óculos, formada em Pedagogia e Medicina, com recreação waldorfiana e frutas frescas pra levar o menino de manhã.

Ainda assim teria de levantar 5h40, porque gosto de ir pra academia com meu marido cedinho, arrumar a lancheira e a marmita dele, fazer o café dele, e tal. Eu poderia lá lá lá lá e roubando e matando e lá lá lá? Poderia. Mas fico o dia inteiro depois pensando em como eu poderia ter sido linda e sexy na academia pra ele de manhã e não o fiz (na verdade nem quando eu vou eu fico linda e sexy), e agora ele vai chegar cansado à noite, e que raio de companheira eu sou, e afffff! Que preguiça de mim! Levanta e vai que dá menos trabalho.

Pensei em tudo isso e revirei tanto na cama que se a lavanderia viesse hoje me levaria junto e me jogaria na máquina embolada no cobertor. Aaaaaah, olhaí!!! Eles bem podiam fazer isso na 2ª de manhã, hein?!
-Oi, chefe! Você não vai acreditar quando eu contar!

Bem, agora já dormi e já ganhei a rua. Aqui já é 2ª, aliás. Fiz tudo isso aí em cima, e a nhaca me mandou um WhatsApp dizendo que hoje não vem porque vai ficar na cama até mais tarde: amanheceu feliz demais pra atormentar ozôtro.

A caminho do colégio fiz devocional com o menino que leu isso aqui pra nós no carro: “Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus. Pensem bem naquele que suportou tal oposição dos pecadores contra si mesmo, para que vocês não se cansem nem desanimem.”
Hebreus 12:1-3

Leu com sono, mas leu. Nos semáforos eu complementava a leitura.

Aí fomos pra academia, e suamos juntos o treino nosso de cada dia (você pode até pensar numa cena romântica, os dois suados, ui, e tal. Mas na vida real o que acontece é que, depois do treino, ele sobe pelo elevador, eu pela escada, e a gente só se fala de novo depois do banho, que é pra não perdermos a amizade).

Aí chego no meu trabalho, e eu tô sentada na cadeira pra qual eu olhava há 15 anos e imaginava nunca ser possível pra mim.

Aí meu coração tá grato, e percebo meus olhos fitos em Jesus, como sugerido pelo menino uma horinha antes.

Aí sorrio. Nhaca, passa amanhã. Ou tenta.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Em 2001 eu tinha um rádio-relógio. E Ele me despertou!




Se você, como eu, já trabalhava em 2001, ou estudava, ou tinha de acordar cedo por alguma razão, você certamente usava algum tipo de despertador que não o do celular.

Em casa tinha um rádio-relógio que eu ganhei de presente de casamento, 1 ano antes. Era um como este aqui:




Ele estava sempre sintonizado numa rádio góiSHpel, e me despertava às 6h tocando as músicas da estação.

Este post é pra contar uma experiência daquela época, mas é bem difícil de escrever a respeito, porque hoje minhas crenças e convicções são muito, muito diferentes. Poutz... mas muito mesmo!

Mas aconteceu. E ponto. E boa! Pra controvérsia do meu atual gosto pelas coisas palpáveis e objetivas, esse foi um treco cheio de subjetividade que aconteceu SIM, e que tá bem vivo dentro de mim até hoje.

Naquele dia meu relógio despertou como de costume: com uma música. Só que foi diferente. Eu fui acordando devagar, e aqueles acordes foram entrando dentro de mim... acordando meu corpo devagar, meus sentidos... e mais ou menos o meu entendimento.

Abri os olhos e fechei de novo. Estava muito acordada mas fiquei na cama, porque não era capaz de me mexer. Aquela música ficava passeando dentro de mim, e era como se ela estivesse me esquentando por dentro. Fiquei ouvindo aquele clamor: "Enche este lugar... enche este lugar... enche este lugar... enche minha vida, Senhor Jesus!"

E era o que tava acontecendo: eu estava sendo "enchida". Tomada, completamente tomada pela presença sobrenatural do Espírito Santo. Em silêncio. Eu não estava orando. Não estava buscando. Não estava cantando. Nada. Eu acordei assim. Acordei daquele jeito. Antes mesmo que eu pudesse me mexer, eu fui visitada de uma maneira tão absurdamente inexplicável, que não sei se tive outra experiência como aquela. E eu, desmemoriada que sou, me lembro dela como se estivesse acontecendo agora.

A música em si não tem nada de mais, aliás. É uma cantora com uma voz linda (Nívea Soares), mas que eu não acompanho muito. Ela começa falando sobre a posição de honra de Deus nos lugares celestiais, e é para este Deus nas alturas que ela faz o clamor: vem neste lugar. Fiquei pensando que "este lugar" era eu. E que, de alguma forma, esse Deus das alturas resolveu me visitar naquele dia.

(se você num se guenta de curiosidade toma aqui e vai ouvir a música: https://youtu.be/Uh4RmMUnkDM. Aliás, pode ser interessante ouvir quanto lê o post)

Eu fiquei deitada enquanto durou a música: 15 minutos, entre melodia e ministrações espontâneas! O Má veio delicadamente me pedir pra levantar, mas eu não levantei. Estava incapaz. Parecia completamente embriagada. E ele me ajudou em silêncio. Foi curioso, aliás: ele não tava sentindo o que eu tava sentindo. Aquilo não tava acontecendo com ele. Era a bêbada e o amigo sóbrio. Mas ele parecia entender perfeitamente a minha experiência. Não me questionou. Não fez perguntas. E me deu todo o auxílio que eu precisava pra me arrumar e sair pra trabalhar, por mais incomum que aquilo tudo pudesse parecer e ser.

E aquela sensação me acompanhou durante todo o dia. Durante semanas. Me acompanha até hoje. 

Naquele dia quando eu voltei pra casa, eu procurei a música desesperadamente. Não sabia quem cantava, não sabia nada, mas digitei as frases da música na minha conexão discada e achei: "Vem neste lugar - Nívea Soares e David Quinlan". Baixei a música, comprei o CD, fiz o que eu pude pra me cercar dela por onde quer que eu fosse. Mas aquilo não aconteceu de novo. Eu podia ouvir a música o dia todo em posição de meditação, mas a "visita" não se repetiu.

Não daquele jeito. Mas a experiência ficou. É que nem assistir ao DVD do casamento, sabe? A emoção não acontece de novo, mas você é capaz de sentir de novo ou de se lembrar exatamente do frio na barriga que aconteceu no minuto a, b ou c das filmagens.


Então eu entendi. Deus escolheu me visitar. Não tem explicação pra isso. Ele quis. Acho que Ele estava me observando enquanto eu dormia, me amou, e quis me visitar. Pronto. Só que aquilo foi demais pra mim. Mais do que meu corpo poderia entender ou suportar. Era uma sensação boa, que de tão boa trascende o que a gente é capaz de relatar. Sei lá o que foi aquilo... sensação de voltar pra barriga... de descanso... de uma alegria indizível... vontade de rir um riso que a boca não comporta... tão indizível que você não quer falar... porque qualquer piscar de olhos pode estragar tudo, e tudo o que você não quer é que aquilo acabe. Acho - matem-me tradicionais! - que Deus me levou pro céu. Acho mesmo que era isso, porque eu tinha um desespero por sentir aquilo de novo, por visitar aquele "estado" de novo. Queria, queria, queria e quero até hoje!

Eu fecho os olhos e sinto.


Ó, tanto é verdade que vou explicar porque tô escrevendo isso agora.

Eu acordei de mau humor. O que é muito, muito raro. Eu sou aquela sujeita insuportável que acorda dando bom dia pro sol, sabe? Que não dá um tempo razoável até as pessoas acordarem e já tá fazendo festa, fazendo planos, wohooooooo, sabe?

Mas hoje não acordei assim. Acordei sem energia. Sem alegria. Às vezes você acorda assim? Eu não... então quando acontece eu assusto. Não sei lidar. Não sei o que fazer pra melhorar.


Aí fiquei conversando com o Má e tentando pensar em algum jeito de melhorar (ele sempre me ouve... meu lindo!), ou buscando serenidade pra esperar passar. Estávamos nos exercitando, mas eu tava muito, muito sem energia. Rendendo nada. Decidi subir e me preparar pra um momento de oração com ele, e ao abrir o Youtube, essa música "piscou" pra mim. Eu sorri. Eu entendi.

Desde lá tô ouvindo ela repetidas vezes. Já já eu vou ouvir um "eita, mas num encheu ainda, fia?!?!?!? Aqui encheu, viu... a minha paciência!! Desliga issaê!!!!" de algum vizinho. Tô sentindo o perigo.

E se eu fiquei feliz? Se minha nhaca passou? Não. Não passou. Mas a música me lembrou a experiência. E a experiência traz esperança à minha memória.

Esperança de um dia poder visitar de novo o lugar da minha experiência. Só que pra sempre. 

Esperança, enfim, que acomoda meu coração com algumas convicções:

1) Deus me visitou;

2) Ele me acordou;

3) Foi porque Ele quis. E seja feita a vontade Dele aqui na Terra, como é no céu, mesmo que você e eu não saibamos explicar as Suas razões o tempo todo;

4) Deus não é humano, mas minha experiência foi totalmente real;

5) Nhaca e mau humor são prerrogativas de se viver nesta Terra. Pra onde eu vou voltar (a minha Pátria, o céu!) isso não vai mais existir!

6) Ele vai voltar! Vai vir de novo e não pra me acordar: pra me buscar! 

7) depois de escrever o item acima... sim: meu mau humor acabou de passar!!

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Cenas dos bastidores ao final do texto:
- Que é isso, mãe?
- Um textão, filho.
- Falando de quê?
- Pra contar uma experiência. Mas é grande, filho... da preguiça, né?
- Não, mãe. Os seus eu leio. Tudinho!

Eita nóis... mai agora é que eu sarei!!!! De vez!!!