quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Sai pra lá, filho!! Você não é uma boa influência!!

Eu me lembro como se fosse ontem. Eu tinha 11 anos, e uma de minhas melhores amigas começou a me evitar. Quando fui perguntar a ela o que eu havia feito de tão errado, ela me respondeu com uma frieza assustadora: "Meu pai não quer mais que eu ande com você. Ele disse que você não é boa influência pra mim, e que você fala muitos palavrões!"

Que crueldade... meu mundo caiu!! Eu não sei se eu era tão má assim quanto o pai dela disse, mas ainda que eu não fosse, assumi integralmente a culpa. Fiquei mal, muito mal. Foi tão triste...

Bem, boca suja eu era sim. Eu confesso.

Não sei se o pai dela sabe disso, mas nós continuamos amigas. Somos até hoje. Aliás, foi pra mim que ela contou primeiro quando, aos 17 anos, engravidou do namorado. Eu ainda era virgem, mas talvez, pro pai dela, continuasse sendo uma má-influência pra filha, vai saber. Ah, e também foi pra mim que ela fez outros desabafos, tais como o de que ela mentia pro pai que frequentava as aulas da faculdade caríssima que ele pagava pra ela em outra cidade. Na época eu já trabalhava e, com meu dinheiro, pagava minha graduação em Letras. Bem menos nobre, claro. Melhor não comentar nada com o pai dela a respeito. No fim, tudo isso já está bem superado pra nós duas. O pai dela feriu muito a mim, mas feriu a ela muito, muito mais. Estamos quites, talvez; se é que isso é importante.

Tudo isso pra dizer que hoje, muitos anos depois, ouço um desabafo do meu filho, também com 11 anos. A mesma situação se repete: "Mãe, o fulano disse que a mãe dele não quer mais que sejamos amigos, e que eu não sou uma boa influência pra ele." Triste, cabisbaixo, humilhado. Eu sei, filho. Não é fácil mesmo.

Essa mãe tem todo o direito. E eu sei que meu filho não é anjo. Mas é tão engraçado vê-los brincando juntos... são tão parecidos. Aliás, o menino dela é um amor... um amor! Educado, prestativo, tira excelentes notas. Um exemplo. Então, como hoje eu não sou a filha, mas a mãe, talvez eu possa fazer um benchmarking com a mãe desse menino, porque realmente preciso conhecer essa fórmula: a de criar filhos perfeitos e bem preparados para o mundo.

Aliás, se tiver vaga, eu talvez chame o pai daquela minha amiga pra ter umas aulinhas também. Afinal, miagente, lá na frente nos encontraremos todos.

Eu realmente não sei a fórmula. Mas assumo que não sei, ao menos. De tudo o que anseio ver na vida do meu filho, o que eu mais quero, talvez, é que a vida dele seja inspiração para outros. Quero que ele sofra com os que sofrem. E que se alegrem com os que se alegram. E que ele se lembre, a cada dia, que somos estrangeiros no caminho de volta pra casa.

Terminamos a conversa numa boa, e disse a ele pra que levantasse a cabeça. O que não nos mata nos faz mais fortes. Santa verdade.

MÃINZ PERFEITAS: vocês me dão preguiça. E não são uma boa influência pra mim: me fazem pecar!